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Gestão emocional é ferramenta essencial para líderes prepararem melhor suas equipes; saiba como fazer isso da melhor forma

A psicóloga Blenda Oliveira levanta questões que ajudam a fazer com que as organizações tratem seus colaboradores com mais inteligência emocional e obtenha melhores resultados no trabalho

Altas demandas, prazos apertados, muitas cobranças e ansiedade a mil. A rotina das organizações não difere muito quanto a esses fatores. Com equipes precisando dar conta de tudo e mais um pouco, é difícil que o estresse emocional não se instale. No entanto, o clima de quem vem de cima pode mudar esse cenário - para melhor ou para pior.

Um levantamento feito pelo PageGroup mostra que as habilidades comportamentais mais valorizadas pelas grandes empresas atualmente no Brasil são: inteligência emocional (42,9%), trabalho em equipe (38,4%) e comunicação assertiva (31,1%). Todos os fatores podem estar interligados e depender do estilo de liderança.

"Embora a empresa não seja uma clínica psicológica, as organizações precisam cada vez mais ter uma atenção maior para algo que vai além do trabalho e da função executada, que é a vida emocional dos seus colaboradores, como eles reagem às suas demandas e cobranças e qual a maneira mais melhor de lidar os modos de trabalhar e se relacionar de cada um", explica a psicóloga Blenda Oliveira.

A especialista ressalta a importância e o impacto de uma boa gestão emocional dentro das empresas, ou seja, a capacidade de analisar, compreender e avaliar as próprias emoções e as dos funcionários. "Um bom líder é aquele que tem boa gestão emocional nele próprio. Para isso, é necessário perceber as próprias emoções e como elas afetam outras pessoas. O bom gestor tem uma condição de fazer uma boa gestão das emoções e assim transformar relações que são mais difíceis e desafiadoras, em vínculos mais saudáveis, ajudando também a obter melhores resultados no trabalho".

É importante compreender os colaboradores para além dos números. Prestar atenção na forma como se cobra resultados, como se dá feedbacks, interfere na percepção do trabalhador e, consequentemente, em sua própria maneira de lidar com o trabalho. "É necessário ter paciência, tolerância, e entender como seus liderados funcionam para que você possa fazer com que essa relação dentro do trabalho favoreça-os  a se desenvolverem e crescerem", afirma a psicóloga.

Para que líderes façam uma boa gestão emocional da melhor forma possível, é preciso ter consciência de que eles têm um papel importante e estão em uma posição de referência. "Para isso é preciso que toda pessoa que ocupe a liderança não perca de vista o processo de se manter num autoconhecimento, de autoconsciência, de gerir a si mesmo, seus estados emocionais, principalmente na interface com o trabalho", afirma Blenda.

E quais caminhos práticos podem fazer com que as empresas forneçam aos liderados uma boa condução dos negócios? A profissional exalta o engajamento dos líderes em todos os processos do trabalho dos liderados, fornecer a possibilidade de crescimento dentro da organização, boas condições de trabalho (prestando ainda mais atenção em mulheres e no que elas precisam para se sentirem acolhidas e seguras dentro do ambiente de trabalho), além de muita motivação ao time no dia a dia.

O trabalho em equipe e a comunicação assertiva, exaltados na pesquisa do PageGroup, também são pontos levantados por Blenda na boa gestão emocional. "A comunicação do líder com os seus liderados precisa ser assertiva. A comunicação está presente em tudo, assim como a saúde mental. As estratégias para que as informações sejam passadas e transmitidas tem que ser sempre claras e assertivas, às vezes esse descuido com a comunicação gera um ambiente mais tenso para se trabalhar".

"O trabalho em equipe também é importante. É fundamental e precisa ser estimulado. Às vezes as pessoas têm perfis diferentes, mas mesmo assim essa união é importante para que vá se formando uma equipe de trabalho. Quando há integração de equipe há mais fonte de conexão de troca de aprendizado", finaliza a psicóloga.


Sobre a autora - Blenda Marcelletti de Oliveira é doutora em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. A especialista atua como psicoterapeuta em orientação de pais, famílias, casais e adultos. Além da prática presencial no consultório, Blenda escreve e  troca ideias por meio das redes sociais. Você pode encontrá-la nos perfis @blenda_psi no Instagram e  @oliveira_blenda no Twitter.